quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A Torre Escura

Não há nenhuma lua no céu,
alguns pontos de luz escorregam e brilham,
piscam e desaparecem por entre a espessa bruma aninhada,
sobre arbustos, cauçadas e cacos de vidro.
O ranger de metais das chaves do vigia,
não importuna as formigas que fazem filas sob os meus pés,
não há nenhuma lua no céu.
A minha frente a estátua de dedo em riste, j
ura inocência enquanto arrota fuligem e orvalho.
Confiro meus bolsos vazios, em busca de algo que eu não sei o que,
não sinto sono, fome, sede, não sinto nada.
Não há nenhuma lua no céu, nem chuva, nem Vênus nem fogo
que ilumine a pequena torre onde vigia expõe sua fronte crispada,
sua boa lacrada e sua alma inchada de café e cansaço.
Não há nenhuma lua no céu,
nenhum som na terra
e o vigia dorme profundamente.

(Marcelo Nova)

Nenhum comentário: